Será que a senzala acabou?
Quinta- feira, 5 de julho, de 2018, fui á uma consulta médica de rotina, chegando no consultório fui logo, falar com a atendente e junto dela tinha uma mulher. Ela chegou primeiro que eu, portanto estava em minha frente. A mulher foi fazer um exame de gravidez até aí tudo bem, tudo tranquilo, a recepcionista fez uma pergunta para a tal mulher se ela já tinha feito o exame de urina, e ela respondeu que sim e o exame teria dado negativo, mas pra ter certeza ia fazer o beta-HCG, achei super normal ela queria tirar suas dúvidas, queria ter a certeza. Então sentei. Não ao lado dela, pois não tinha mais banco, sentei bem próximo e escutava toda a conversa nitidamente. Conversa vai, conversa vem, entre uma conversa e outra perguntaram á suposta grávida se queria realmente estar grávida.
Então respondeu em um curto e bom-tom, Deus me livre, está, pois se estivesse nasceria negro. E Deus me livre ter um filho negro, além do mais, se ela estivesse grávida, o filho nasceria negro. porém, o homem o qual ela se relaciona é negro. Todos riram.uns me olharam esperando uma resposta minha talvez, mas eu me calei. Minha vez chegou, me chamaram e isso ficou aterrorizando em minha mente, isso me fez pensar e repensar. Por qual motivo fiquei calada? Apesar de me chamarem logo em seguida para entrar, mas antes de entrar na sala eu poderia ter dito algo. mas me calei. Apesar de não estarem falando comigo,mas me incluíram nessa,pois, sou negra. Me calei. Então vim pensando será que, a senzala só mudou de nome e sobrenome? Será que, isto mesmo já não está impregnado em mim? De ouvir e achar “normal” ser só mais uma (gracinha) pro povo ri, será que,continuamos sendo escravos, só que dessa vez não só são os negros, mas uma boa população, escravo de nós mesmos, dos pensamentos, de acharem tudo graça mesmo não fazendo um pingo de graça.
Quantas vezes eu mesma, já ouvi muitos me dizer Deus o livre você ser negra. Se todas as negras fosse como você, não existiria negro. E isso me dói só de escrever de quantas vezes, eu mesma, sendo uma negra,chamando o outro de negra safada como se a palavra negro fosse uma ofensa. Talvez de tanto o povo falar aprendi,e reproduzir, porém hoje sei que negro não é ofensa é uma cor de pele como tantas outras e tem seu peso e sua vitória. E não estou me vitimando até porque não necessito disso. E sei também que esse politicamente correto é meio um saco e tem muita frescura no meio. Todavia, sei que o preconceito está enraizado na cabeça de muitos por aí, não estou falando só de preconceitos racial,mas sim de todos os tipos de descriminação á maioria gosta de ri, de achar “graça”, de fazer chacota, de menosprezar, de fazer” piada” de auto titular melhor que o outro…
sim e espero de todo meu coração que,a tal mulher não esteja gravida,pois coitado do filho em questão.AUTORA,MARIA MATILDE.prisões