POEMA.
Era invisível:
todos passavam,
olhavam às vezes até
esbarravam
tinham dedos se erguendo em sua direção,
mas era invisível.
Ninguém o enxergava ou fingiam.
Tinham falatórios ao seu redor: olhares, risos,
mas era invisível.
Tentava falar, tocar,
gritar e nem sequer ninguém o ouvia.
Ficou desesperado
tentando tirar aquele grito.
Aquele grito trancado na garganta:
Ei!ei!
Me enxerguem estou bem aqui.
Passaram dias, meses, anos esforçando-se a falar;
tentando expressar;
seus olhos marejaram.
Aquilo tudo parecia um sonho o qual você tentar falar, mas bem na hora acorda,
porém, o sonho dele já se passaram anos e anos de afligimento.
(estás pensando, mas o que é que ele tem)?
A multidão passava, carros iam e viam,
a noite amanheceu,
o dia escureceu,
e cada dia
se desesperava mais tentando expressar o que queria.
O seu mau cheiro era tanto que todos corriam.
e os seus olhos caiam lágrimas e mais lágrimas de desespero.
Sua face era triste
de alguém que quer contar algo,
mas era invisível:
queria se banhar,
molhar o rosto,
dormi em uma cama,
tomar uma água, comer um pão até velho mesmo.
Só isso; e não tinha.
Entretanto, antes tinha casa, comida, família
e hoje vive assim procurando alguém que lhe der um pouco de atenção,
pois, precisava só de um ouvinte,
uma ajuda pra chegar onde queria chegar.
e mudando de lugar
em lugar
e quase sempre ninguém o notando.
Suas mãos eram sujas,
sua pele envelhecida
não de idade
logo, de lamento.
Suas roupas encardidas,
seus olhares frágeis,
delicados
de uma vida
dura e sem guarida.
AUTORA, MARIA MATILDE.https://refletirpensamentos.com.br/poema/