NÃO CONHEÇO SUA HISTÓRIA.
Carros em movimentos em plena sexta-feira.
Contudo com movimentação bem limita
Pessoas em busca de algo: cada uma com seus pensamentos, suas vidas, olhares vazios, outros cheios, sorrisos sem esperança e muitos com confiança. O fluxo de gente abreviado por conta da epidemia. Assim reparei em alguns rostos: olhei fixamente em alguns olhos e me vi vagando tentando adivinhar, o que tem dentro desses seres humanos? Quais são seus sonhos? Quem são suas famílias? De repente o sinal fecha. Daí dei de cara com um senhor negro, cabelos pretos, crespo e de sorriso fácil. Sabe aquelas pessoas, que lhe encantam só de olhar? Pois, bem! Ele é um desses. Fazendo malabarismo no meio dos carros e ganhando sua vida.
_ Não sei seu nome, de onde vem, quem são seus parentes e se tem. Sua idade, seu documento, sua credencial, suas habilidades. Aliás, a única que conheci foi a do malabarismo. Sua boca não tem nenhum dente, seus pés sujos e descalços, não deve conhecer o que muitos chamam de norma culta. Provavelmente nunca frequentou uma faculdade. Suas mãos eram sujas de graxa, sua pele parecia cansada. Usava um calção marrom, uma blusa verde e ambos sujos, NÃO CONHEÇO SUA HISTÓRIA, NEM SUA VIDA. No entanto, seus olhos conseguiram transmitir uma paz tremenda ao encontrar os meus. Seu sorriso me fez reviver uma neblina leve, suave e perfumada. Moço, sua alma tocou a minha. Deus guie seus passos. AUTORA, MARIA MATILDE.